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A formação do analista




                                         “ A   p s i c a n á l i s e   n ã o   é   u m a
                                         t e r a p ê u t i c a   c o m o   a s   o u t r a s . ”
                                                            Lacan, Escritos, p. 326
                                         “Há um real em jogo na própria formação do
                                         psicanalista. [...] não é menos patente  [...]  que esse
                                         real provoque o seu próprio desconhecimento
                                         e, inclusive produza sua negação sistemática.”
                                           Lacan, Proposição sobre o psicanalista da escola

                  Sob  um  título  abrangente,  porém  orientado  a  cada  ano,
            sucessivamente,  pelo  tema  proposto  na  Escola,  este  seminário  vem
            trabalhando desde 2009 problemas cruciais da psicanálise. O tema deste
            ano, “a causa do desejo”, abre perspectivas de elaboração sobre a direção
            do tratamento analítico assim como sobre o mal-estar, real em jogo nas
            coletividades humanas. A releitura e o destaque do termo desejo, recolhido
            por Lacan no texto freudiano, a originalidade de sua abordagem da questão
            do objeto via objeto  a e seus desdobramentos permitiram evidenciar
            como nunca antes a especifi cidade do discurso analítico e a direção do
            tratamento que dele decorre.
                  Tais elaborações interrogam o modo de organização da coletividade dos
            analistas permitindo situar, ao mesmo tempo, sua necessidade e seus impasses.
            Diante dos problemas colocados pela formação dos analistas herdados de
            Freud e dos analistas da IPA, Lacan elaborou suas propostas para uma Escola.
            Vivendo numa época subsequente ao surgimento dessas propostas, decorridas
            já algumas décadas de experiências implementadas sob a orientação delas,
            cabe-nos conhecer e avançar esse legado se quisermos prosseguir com Lacan
            a busca de uma escola que sirva ao discurso analítico. É assim que poderemos
            fazer frente ao desafi o sempre renovado para cada analista que é a sustentação
            do discurso analítico em sua especifi cidade, na sua prática clínica assim como
            no seu trabalho na coletividade em que ela se insere.
                  Iniciaremos com pontuações sobre o fi nal de análise a partir de
            “Análise Terminável e interminável” e do escrito “A direção do tratamento”


            Olga Maria M. C. Souza Soubbotnik

            Início: março.
            Vitória/ES - Sábados às 14h (mensal / online)


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