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Psicanálise e texto
[...] que o escrito exija, de certa forma, essa
redução às dimensões, às duas dimensões
da superfície e que, de uma certa maneira, se
acha sustentado, na natureza, por algo que
já encantava Spinoza, ou seja, o trabalho de
texto que sai do ventre da aranha. A teia de
aranha, função verdadeiramente milagrosa de
se ver, de certa forma já se sustentava nisso.
Naquele ponto opaco desse estranho ser, os
‘pareceres/pareseres’ da própria superfície,
aquela que, para nós, permite o desenho do
rastro desses escritos que são, afi nal, o único
ponto onde achávamos apreensíveis esses
limites, esses pontos de impasse, de sem saída,
que fazem entender o Real como se acedendo,
do Simbólico, ao seu ponto mais extremo.
LACAN, J. Encore.
Há uma escrita que se imprime em uma superfície material qualquer.
Essa, por exemplo. Uma outra escrita também existe, uma escrita psíquica
que cifra o gozo e possibilita a produção do sujeito e sua causa. Escrita
ilegível, mas condição para uma posterior legibilidade da escrita impressa,
essa cifra faz marca, traço, letra na superfície do aparelho psíquico
freudiano.
Trabalhar essas questões coloca em jogo o que Lacan viria a chamar
de lituraterra. Uma escrita que tangencia o real: realidade da letra e real
da letra. Uma escrita que se faz não apenas com lápis, caneta ou teclado,
mas também com o pincel, a câmera fotográfi ca, o cinzel... Não se trata
de algo sem relação com a experiência analítica.
Exercitar as possibilidades de articular a psicanálise e essas versões
da teia/texto da aranha lacaniana é o que se põe em perspectiva neste
trabalho, levando em conta, como dizia Lacan, que “... persistem erros,
porque é um texto. Um texto como indica o nome, só pode ser tecido em
se dando nós” (...ou pire.10.05.72).
Francisco José Bezerra Santos
Início: março.
Fortaleza/CE - Sábados às 10h30 (datas a combinar)
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