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Do desejo e sua causa
Autorizar-me, isso ainda é razoável, mas
ser é outra coisa. É aí que, claramente, se
forja o que enunciei como verbo des-ser. O
analista, eu o des-sou; o objeto a não tem ser.
Lacan. Les non-dupes errent. 09.04.1974
Do estado de desejo se segue diretamente
uma atração dirigida ao objeto de desejo,
respectivamente, seu rastro mnêmico.
Freud. “Projeto de psicologia”. 1895.
O rastro que engendrará o objeto de desejo implica a ausência do
objeto. O desejo, como referido por Freud, constitui-se enquanto falta.
Lacan, prosseguindo na via aberta por Freud, retoma esse objeto de
desejo em suas diversas versões - oral, anal, olhar e voz - e, logicizando-o,
inventa o objeto a. Essa escrita de letra aponta que o objeto, enquanto
causa do desejo, não tem consistência: “O objeto a, do qual lhes falei há
pouco, não é um objeto...”
Situar a passagem do objeto de desejo ao objeto causa de desejo,
será um ponto importante no trabalho que se inicia. A experiência analítica
poderá produzir letra/litoral bordejando o vazio da causa? Uma escrita
do fantasma indicaria essa operação? A queda do analista enquanto
semblante de a, em um fi nal de análise, necessariamente diz da produção
de um analista? O que é da causa analítica e o que ela remete ao “fazer
escola”?
Estas são algumas das questões a serem sustentadas no trabalho
que se inicia.
Francisco José Bezerra Santos
Início: 8 de março.
Fortaleza/CE - Terças-feiras às 20h (semanal)
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