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O inconsciente e a aquisição d'alíngua
Então, o simbólico, o imaginário e o real, é isso
o número um.
Ao longo de seu percurso como psicanalista Lacan foi operando
modifi cações teóricas decorrentes dos efeitos da clínica assim como Freud.
Uma delas diz respeito ao uso do termo “linguisteria”, marcando
uma separação da linguística e reafi rmando o campo da psicanálise em
relação ao dizer e se destacando dos ditos que sustentavam sua tese inicial
de que o inconsciente é estruturado como uma linguagem e tomavam a
linguística como modelo.
O intuito aqui é seguir esse movimento a partir do seminário 20,
Mais ainda, com o auxílio de outros textos fundamentais como "O aturdito",
"A terceira" e "Lituraterra".
A língua não deve ser dita viva porque ela está em uso. É antes a morte
do signo que ela veicula. Não é porque o inconsciente é estruturado
como uma linguagem que alíngua não tenha de gozar contra seu gozar,
já que ela é feita desse próprio gozar.
O sujeito suposto saber, que é o analista na transferência, não é
suposto sem razão se ele sabe em que consiste o inconsciente, por
ser um saber que se articula pel’alíngua, o corpo que a fala estando
enodado a ela somente pelo real do qual se goza. Mas o corpo deve
ser compreendido ao natural, como desenodado desse real que, por
ex-istir a ele, a título de fazer seu gozo, não lhe fi ca menos opaco.
Ele é o abismo menos notado de que seja alíngua que civiliza esse
gozo, se ouso dizê-lo, eu entendo por isso que ela o leve a seu efeito
desenvolvido, aquele pelo qual o corpo goza de objetos o primeiro dos
quais, aquele que escrevo como objeto a, é o próprio objeto, como
eu dizia, do qual não existe ideia [...] salvo se ele for quebrado, esse
objeto, e nesse caso seus pedaços são identifi cáveis corporalmente e,
e como fragmentos do corpo, identifi cados. ("A terceira", Documentos
para uma Escola VI, p. 189).
Nestor Lima Vaz
Início: 25 de março.
Terças-feiras às 12h (quinzenal)
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