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Núcleo de Investigação Clínica:
As Psicoses e Autismo
A análise articula o objeto a pelo que ele é,
ou seja, causa do desejo, isto é, da divisão
do sujeito, daquilo que introduz no sujeito o
que o cogito mascara, a saber que, ao lado
desse ser do qual ele crê assegurar-se, o
a, essencialmente e desde a origem é falta.
(LACAN, De um Outro ao outro. p. 332-333.)
De partida, duas questões se colocam e nortearão nossa
investigação este ano: Qual é o estatuto do objeto nas psicoses? Que
estatuto dar aos objetos pelos quais os autistas se interessam e carregam
consigo?
Nas psicoses, a falha da operação simbólica fundamental impede
o funcionamento do objeto a como causa de desejo. O objeto resta como
dejeto, de um puro real que não está ligado à castração, nem ao desejo
do Outro. A não extração do objeto revela a falta de mediação na relação
com o Outro. Assim, a voz, objeto não extraído, fala alto, se fragmenta em
vozes que invadem o sujeito. A alucinação mostra a conexão do signifi cante
à voz, em uma cadeia que se impõe ao sujeito de forma fraturada.
No autismo, o objeto não tem como ser extraído, porque para
ser separável teria que estar diferenciado. Os autistas carregam seus
‘coisobjetos’ como extensão de si. Trata-se do lugar do mesmo, e não do
espelho, que implicaria o signifi cante. Entretanto, em uma escuta analítica
estes objetos apontam pistas que vão dando o caminho das pedras.
E como se diz por aí: “água mole em pedra dura tanto bate até
que... se fure!”
Vera Vinheiro
Silvia Disitzer
3ªf* 10h30 Jussara V. Rocha
3ªf* 15h Silvia Disitzer
3ªf* 19h Alyne Camargo de Mattos e Ana Lucia Valladão
4ªf* 10h30 Gilda Gomes Carneiro
4ªf* 12h Licia Magno Pereira (autismo)
6ªf* 10h30 Elisa Oliveira (autismo)
6ªf* 19h30 Teresa da Costa
* Quinzenal.
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