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a causa do desejo
Este ano a Escola se debruça sobre a causa do desejo. Isso implica
interrogar-se sobre o estatuto do objeto a. No rastro de das Ding, esse
objeto é a própria hiância do inconsciente, no que esta localiza a dimensão
da causa. Daí Lacan afi rmar que não há causa senão do que manca.
A causa não se apoia na intuição da consciência pois que o sujeito
é, de início e primitivamente, inconsciente. Isso implica que na sua
constituição há uma incidência primitiva que é a do signifi cante.
O efeito de linguagem, entrada do signifi cante no real, introduz a
questão da causa e trata-se de situar como disso advém o sujeito cindido.
Lacan nos apresenta a fórmula do fantasma <>a, suporte do desejo.
O objeto a deve ser situado como causa do desejo e não relacionado
a nenhuma intencionalidade de uma noese. No entanto,“como se efetua
essa transformação do objeto, que, de um objeto situável, demarcável,
intercambiável, cria essa espécie de objeto privado, incomunicável, mas
dominante que é nosso correlato no fantasma?”
Essa função do objeto pode ser mostrada tanto no rigor de uma
topologia do Cross cap quanto na concepção freudiana da pulsão que
distingue o Ziel, alvo da pulsão e o Objekt, o objeto da pulsão. A pulsão
divide o sujeito e o desejo, “o qual só se sustenta pela relação, que ele
desconhece, dessa divisão com um objeto que o causa.”
O desejo é falta em sua própria essência e o sentido disso é que
não há objeto que o satisfaça “mesmo que hajam objetos que sejam causa
do desejo”. A causa do desejo é o cerne do que baliza a práxis analítica. A
condição do analista nos coloca no domínio da verdade do próprio discurso.
analítico. Lacan chama de a “hora da verdade” aquela que evoca o desejo,
mas a verdade do desejo não é tangível. O que se torna o desejo nessa
“hora da verdade”? Como dar conta do real da experiência analítica que
promove uma subversão tanto no saber como no sujeito?
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